luís pedro silva
arquitectos (15)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Um blog onde deixarei simples observações sobre o que vai acontecendo à nossa volta neste mundo global. Também serve de contacto com imensas pessoas que gostaram de mim.
Um blog onde deixarei simples observações sobre o que vai acontecendo à nossa volta neste mundo global. Também serve de contacto com imensas pessoas que gostaram de mim.
publicado às 13:09
Mais para ler
publicado às 12:58
Mais para ler
Quando se fala em "jobs for the boys" o assunto não é nenhuma brincadeira. É uma realidade triste. Acontece que no Governo foram contratados "specialistas", alguns com apenas 24 anos de idade, por um dinheirão que muitos médicos, professores, enfermeiros, bombeiros e trabalhadores de sol a sol, gostariam de usufruir. Estamos perante a maior vergonha da política portuguesa. Qualquer português normal fica chocado com o que vão ler a seguir por tratar-se de um escândalo imcompreensível
*MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL (2)
Cargo: Assessora
Nome: Ana Miguel Marques Neves dos Santos
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.069,33 €
Cargo: Adjunto
Nome: João Miguel Saraiva Annes
Idade:28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.183,63 €
MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS (1)
Cargo: Adjunto
Nome: Filipe Fernandes
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.633,82 €
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS (4)
Cargo: Adjunto
Nome: Carlos Correia de Oliveira Vaz de Almeida
Idade: 26 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.069,33 €
Cargo: Assessor
Nome: Bruno Miguel Ribeiro Escada
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.854 €
Cargo: Assessor
Nome: Filipe Gil França Abreu
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.854 €
Cargo: Adjunto
Nome: Nelson Rodrigo Rocha Gomes
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA (2)
Cargo: Assessor
Nome: Jorge Afonso Moutinho Garcez Nogueira
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
Cargo: Assessor
Nome: André Manuel Santos Rodrigues Barbosa
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.364,50 €
MINISTRO ADJUNTO E DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES (5)
Cargo: Especialista
Nome: Diogo Rolo Mendonça Noivo
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
Cargo: Adjunto
Nome: Ademar Vala Marques
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: Tatiana Filipa Abreu Lopes Canas da Silva Canas
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: Rita Ferreira Roquete Teles Branco Chaves
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: André Tiago Pardal da Silva
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
MINISTÉRIO DA ECONOMIA (8)
Cargo: Adjunta
Nome: Cláudia de Moura Alves Saavedra Pinto
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Tiago Lebres Moutinho
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: João Miguel Cristóvão Baptista
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Tiago José de Oliveira Bolhão Páscoa
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: André Filipe Abreu Regateiro
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Ana da Conceição Gracias Duarte
Idade: 25 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: David Emanuel de Carvalho Figueiredo Martins
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: João Miguel Folgado Verol Marques
Idade: 24 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,34 €
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (3)
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Joana
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Antero Silva
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: Tiago de Melo Sousa Martins Cartaxo
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
MINISTÉRIO DA SAÚDE (1)
Cargo: Adjunto
Nome: Tiago Menezes Moutinho Macieirinha
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 5.069,37 €
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA (2)
Cargo: Assessoria Técnica
Nome: Ana Isabel Barreira de Figueiredo
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.198,80 €
Cargo: Assessor
Nome: Ricardo Morgado
Idade: 24 anos
Vencimento Mensal Bruto: 4.505,46 €
publicado às 06:40
Mais para ler
publicado às 06:25
Mais para ler
publicado às 06:20
Mais para ler
O banco Santander está a encher as redes sociais com publicidade a empréstimos pessoais, inclusivamente de mais de 50 mil euros. Devia ter vergonha quando estamos perante uma instituição bancária que tomou a decisão de não emprestar nem 1000 euros a cidadãos com mais de 72 anos de idade. Como é possível ter tanta pouca vergonha e ofender os seus clientes ainda não muito idosos.
publicado às 06:15
Mais para ler
publicado às 08:45
Mais para ler
publicado às 07:00
Mais para ler
Sonho desfeito
Confesso-vos que sonhava há muito com a Austrália. Sempre me haviam dito que era uma maravilha e seria até o país do mundo com mais qualidade de vida.
Decidi partir para lá. Em 1989, malas feitas, mulher e filhos em lágrimas por deixarem Macau, imensos amigos na despedida e a aterragem em Sydney para mais uma etapa na minha vida. Estava esperançado numa promessa que me fizera um governante de Macau: ia ser inaugurado em breve um Centro Cultural Português, ficando a direcção a meu cargo. Fazia todo o sentido essa aposta na esfera cultural de matriz lusófona naquele país-continente: como hoje se sabe, foram os portugueses que descobriram a Austrália e o capitão inglês James Cook (1728-1779) limitou-se a usar mapas cartográficos portugueses, quando ali aportou pela primeira vez, em 1770.
Entretanto, mudou o Governo em Macau e o sonho do Centro Cultural desfez-se. Foi uma das maiores decepções da minha vida.
Tinha de sustentar a mulher e os filhos, que já estavam no ensino secundário. Um dia, na baixa de Sydney, em conversa com o meu cunhado João Carrascalão, ali radicado, perguntei-lhe como se poderia ganhar bom dinheiro seriamente na Austrália. Ele respondeu-me, sem hesitar, que só três profissões permitiam acumular algum pecúlio: mineiro, pescador no alto-mar e operário da construção civil. Os mineiros normalmente apanhavam cancro nos pulmões. Os pescadores tinham uma vida ainda mais dura e arriscada. Quanto aos operários, necessitavam a todo o momento de concentração extrema não fosse um incidente deixá-los de cadeira de rodas.
Agradeci e voltei para casa de comboio. A minha casa ficava no subúrbio de Liverpool, a uma hora do centro de Sydney. Pensativo e a preparar a conversa que iria ter com a minha mulher, quando o comboio chegasse a Liverpool - onde residiam também o João Carrascalão, engenheiro topógrafo e professor numa universidade, e o futuro Nobel da Paz José Ramos-Horta, meu velho conhecido de Timor na companhia do seu saudoso e querido irmão Francisco. Ambos se dedicavam à causa da libertação e independência de Timor-Leste, tendo Ramos-Horta estudado e valorizado os seus conhecimentos ao ponto de ter obtido o Mestrado em Estudos de Paz pela Antioch University, Ohio (1984): Diploma de Harvard University, Leaders in Development Program (1998): Professor Visitante na University of New South Wales, Sydney e na Victoria University, Melbourne- Australia; Recebido mais de 20 títulos “Doutor Honoris Causa” de Universidades da Austrália, Japão, Coreia do Sul, Tailândia, Filipinas, Estados Unidos da América, Brasil, Portugal, República da irlanda e ainda foi Senior Associate Member na Saint Antony’s College, University of Oxford (1987).
A pensar nos filhos
O meu pensamento estava constantemente no futuro dos meus filhos. Tinha de fazer tudo para os criar e fazer deles pessoas sérias e úteis à sociedade. Neste aspecto, sinto-me feliz: eles têm-me dado grandes alegrias. O Rui começou a andar a cavalo com quatro anos: esta sempre foi a paixão da vida dele. Com 12 anos, em Macau, aos fins de semana, enquanto os colegas iam para a praia, ele passava o tempo nos estábulos do Macau Jockey Club. Aprendeu a arte de treinar cavalos de corrida a galope com os melhores treinadores. Na Austrália, foi treinador profissional e o treinador mais jovem, vários cavalos treinados por ele ganharam corridas importantes. Venceu o prémio do treinador com um cavalo a bater o recorde na distância de 1000 metros. Passou por outras cidades australianas sempre a vencer e foi contratado por um empresário que era proprietário de mais de 150 cavalos na China. Esteve quatro anos na China e foi ali campeão em três anos consecutivos. Alegro-me muito ao ver na internet as entrevistas que os canais de televisão lhe fazem com frequência. O Rui fala mandarim e cantonês, o que muito facilita quem queira trabalhar na China. No entanto, estando ele a trabalhar em Wuhan, apareceu de repente o coronavírus e ele foi o único português a querer ficar na cidade para não abandonar os seus homens e os cavalos. A televisão portuguesa contactou-o várias vezes e, mais tarde, quando terminou o confinamento, regressou à Austrália onde voltou ao seu mundo dos cavalos.
A minha filha Catarina, desde a meninice que lha confirmámos vários dotes, como ter talento para tocar piano, para desenhar e para fotografar. Aprendeu inglês desde os seis anos e foi estudante da Faculdade de Arquitectura, em Lisboa, onde decidiu sair para terminar o curso na ARCO. Passou a ser uma designer, trabalhando com o melhor gráfico português Rui Garrido onde no seu atelier foram criadas várias obras de grafismo de excelência de livros e discos. É uma pintora que admiro e cujos quadros têm recebido os melhores encómios. Desdicou-se sempre à fotografia e tem trabalhos que dariam uma bela exposição, mas a minha Katy não quer ser divulgada. Mas, foi admirado pelos trabalhos que fez como operadora de camera e cujos documentários sobre animais passaram na televisão. Como operadora de câmera e editora-vídeo, realizou um vasto trabalho junto de artistas portugueses, nomeadamente, Camané, Paulo de Carvalho, Vitorino, Helder Moutinho, Sebastião Antunes e Terra Livre, dando ainda aulas de piano a crianças. Um orgulho de filha que nos momentos mais difíceis da minha vida sempre esteve a meu lado e tem sido o meu amparo após o falecimento da minha saudosa mulher.
Quem é pai sabe que por vezes fazemos asneiras relativamente aos filhos que mais tarde acabam por nos entristecer. Sempre dei a maior liberdade de pensamento aos filhos e sempre os deixei decidir por si próprios. Na verdade, tanto o Rui como a Catarina escolheram deixar Macau e pediram-me para tirar cursos superiores em Portugal. Cedi e o Rui frequentou uma escola superior em Lisboa. Mas, fiz uma asneira: ofereci-lhe uma moto. A partir daí, o Rui, ao juntar-se a grupos de amigos também com motos, percorreu Portugal e as festas de motards. Os estudos começaram a ficar para trás, mas ouvi de um professor que ele podia vir a ser um grande realizador de cinema ou de televisão pois era excelente nessa actividade. Mas a paixão do Rui já estava noutro lado, junto dos cavalos que tanto ama.
Quanto à Catarina, viajou para Lisboa, tornou-se independente e, hoje, após o sofrimento da pandemia, dedica-se a um grande número de crianças que pretendem aprender a tocar piano, quanto o seu irmão Rui continua na Austrália, na companhia dos filhos e sempre dedicado aos cavalos.
De jornalista a operário
No dia em que fiz a viagem de comboio de Sydney para Liverpool, a cerca de 30 km de distância, só a pensar na minha mulher e nos nossos filhos, as minhas palavras estavam estudadas na conversa que iria ter com a Ermelinda. Em casa, a decisão apanhou a minha mulher de surpresa: eu, apesar de nunca ter pegado antes num martelo, optei pela construção civil para ganhar a vida.
Um português de quem me tornei amigo acompanhou-me, perto da Opera House, confirmei que, além de nós os dois, trabalhavam ali coreanos, filipinos, australianos e neozelandeses, entre outras nacionalidades.
O trabalho era árduo, desde pegar em barras de ferro e de madeira com peso muito elevado até extrair mais de mil pregos num só dia. No final do trabalho, o capataz perguntava-nos quem é que ficava no tempo extra, o que significava mais hora e meia de trabalho. Eu era sempre o primeiro a responder que continuava, pois permitia-me ganhar bastante mais dinheiro. Dada a falta de hábito em trabalhos duros e esquecendo-me muitas vezes de calçar luvas, era frequente ficar com as mãos ensanguentadas. Na realidade, a caneta era, por excelência, o meu ionstrumento de trabalho na vida profissional até então.
Estive muitas vezes à beira de desisitir, mas fui permanecendo, apesar de todas as dificuldades. Quem visitar Sydney reconhece facilmente dois atraentes prédios gigantes, de arquitectura moderníssima, que vieram dar mais beleza à cidade. Ali deixei algum sangue, imenso suor e muitas lágrimas.
Com algum dinheiro enfim reunido, combinei com a minha mulher, que era excelente cozinheira, abrirmos um pequeno restaurante. Ela cozinhava, eu servia à mesa e tratava da limpeza. E assim pus fim à minha experiência de operário da construção civil, de que não guardo saudades e que, felizmente, não voltei a repetir.
Um dia recebi a visita do José Ramos-Horta:
- Estás admirado, Zé?
- Estou, João, admirado por teres agora um restaurante. E feliz por lhe dares o nome de Timor Hut. Como foi isto?
- Tu, que andas nas diplomacias e na resistência pela causa da independência de Timor, não fazes ideia de como é árduo trabalhar na construção civil. Só tem uma recompensa: ganha-se muito dinheiro.
- Mesmo muito?
- Muito, comparando com as outras profissões. Dou-te um exemplo: um empregado de escritório recebe 600 dólares (australianos) por semana e eu, nas obras, com o tempo extra, ganhava 1.700 dólares semanalmente.
- É muito bom. Agora, vou trazer aqui ao Timor Hut alguns amigos que estão bem na sociedade local e sempre é uma boa ajuda.
- Obrigadinho, Zé. Mas, ao domingo, como estamos fechados, podemos bater umas bolas de ténis...
- Oh... para isso, como sabes, estou sempre pronto. Uma vez, em Nova Iorque, dei um bigode a um diplomata turco que tinha a mania que os timorenses não sabiam o que era uma raqueta.
- Como vai isso da luta?
- Vai difícil, mas a coisa terá de ir lá. Tenho muita esperança de que vamos ser independentes.
- Tu sabes que falei com um jornalista australiano e que há rumores de tu poderes receber o Nobel da Paz?
- Estás doido, João! Nem me passa isso pela cabeça. Há muita gente no mundo que merece mais do que eu...
- Lá estás tu com a tua humildade… Até já pensei escrever um livro sobre ti e tudo o que tens feito em quase vinte anos de um lado para o outro a tentares que a tua terra deixe de estar ocupada pelos indonésios.
- Deixa lá isso, fica para mais tarde. Agora, o que interessa é que aqui o restaurante com o nome da minha terra, único na Austrália, tenha sucesso.
Os rumores por vezes têm algo de verdadeiro e, em 1996, José Ramos-Horta viria a ser galardoado com o Prémio Nobel da Paz, juntamente com o bispo de Díli, D. Carlos Ximenes Belo, em cerimónia de gala em Oslo, a que tive a felicidade de assistir.
Os pratos cozinhados pela Dona Ermelinda deixavam os australianos deliciados depois de molharem o pão nos molhos de lagosta, lavagante, bifes e sopa de marisco, algumas das especialidade que chegavam da cozinha, que era aberta para a sala, podendo os clientes acompanhar a feitura dos pitéus. O que ali parecia ser novidade.
A clientela era muito selecta: advogados, arquitectos, empreiteiros, engenheiros, directores de grandes empresas. Uma noite, apareceu até o Governador do Distrito de Liverpool, onde se situava o restaurante, uma honra para o estabelecimento. Tirámos uma fotografia na companhia do ilustre governante que saiu em dois jornais, num deles com o título “Jornalista serve à mesa”.
Mas a alegria máxima que senti foi ao ver chegar ao Timor Hut o Dr. Carlos Monjardino, Presidente da Fundação Oriente, com a sua saudosa esposa. O pequeno restaurante estava sempre cheio. As reservas para as sextas-feiras começavam às segundas-feiras. Mas, para Monjardino, visitante muito especial, arranjou-se logo mesa. Foi uma oportunidade para rever bons amigos.
- Amigo João, vim aqui com muito prazer. Você é um homem das Arábias. Consegue desenrascar-se sempre.
- O Dr. Monjardino sabe que temos de criar os filhos de algum modo. Veio à Austrália em turismo?
- Não, não. Vim cá para resolver problemas com a Casa de Macau neste país e ver quais as necessidades que a Fundação Oriente pode resolver.
- Se precisar de mim para alguma coisa nessa matéria, pode dispor.
- Não, amigo João. Eu, quando soube que vocês estavam aqui, dignamente, diga-se, mas pensando que isto não é para vocês, gostaria de lhe dizer que devem voltar para Macau. Ali é que vocês estão bem e eu trato logo de você ter um emprego.
- Agradeço imenso as suas palavras e vou pensar no assunto.
Até que surgiu um problema insuperável. A recessão económica na Austrália começou então em força e o nosso restaurante acabou por encerrar, tal como a grande maioria dos estabelecimentos do ramo existentes à época nos subúrbios que se estendem de Liverpool a Sydney.
Monjardino tinha razão e eu iria fazer as malas com a família e voltar à minha segunda terra, a querida Macau.
Assim fiz. Encerrámos o Timor Hut e voltámos a Macau no final de 1992. Outra etapa diferente na minha vida.
Monjardino não saiu do meu restaurante, naquele dia, sem me deixar um envelope com dinheiro suficiente para a nossa viagem de regresso. Um gesto que me calou fundo.
Um “paraíso” infernal
Assim que me sentei no avião, no voo entre Sydney e Hong Kong, pus-me a reflectir: Austrália, um paraíso? Venham, venham mais para trabalhar nas limpezas, das seis horas da manhã às vinte, nos hotéis, a fazerem as camas e a limpar as casas de banho; nos restaurantes, como assistentes de cozinha ou, então, a trabalhar nos maiores matadouros do globo onde o belo gado bovino é abatido para o consumo de milhões de pessoas em todo o mundo. Trabalhar de sol a sol, sem ver os filhos, dia após dia, é paraíso? Como é possível haver portugueses residentes há mais de vinte ou trinta anos na Austrália, sem saberem falar inglês, porque passam o tempo no trabalho braçal, onde são explorados, sem nunca terem ido à praia, a um museu, a um cinema ou um teatro?!
Bendita a hora em que Carlos Monjardino me aconselhou a regressar a Macau, sublinhando que ali haveria para mim sempre um trabalho adequado à minha formação e experiência.
Tinha razão. O director do diário Macau Hoje, José Burguete, convidou-me de imediato a integrar a Redacção do jornal. No território ainda sob administração portuguesa, trabalho nunca me faltou.
JOÃO SEVERINO
Excerto da Obra
RECORDADOR OLEX, Âncora Editora
publicado às 06:10
Mais para ler
No Algarve, sob um calor tórrido, os portugueses continuam a gastar dinheiro que lhes é pedido com um oportunismo inflacionário vergonhoso. Um simples quarto rudimentar em Albufeira está a ser cobrado por 600 euros por noite.
Os portugueses não conhecem o seu país e as belezas fantásticas que possui tal como a linda praia da Ericeira, situada a 40 minutos de Lisboa, e onde se situa um dos hotéis mais bonitos do país, o Vila Galé com décadas de funcionamento. Uma unidade hoteleira com três piscinas, uma culinária invulgar e um conforto inigualável, classificado apenas com quatro estrelas quando é muito melhor que muitos hotéis de cinco estrelas. Sobre o preço, nem falar, é três vezes mais barato que no Algarve. Visite que vale a pena este hotel Vila Galé, que é a unidade hoteleira situada no ponto mais interior do oceano atlântico.
publicado às 22:51
Mais para ler
- Ó Bernardo, está aqui uma pergunta no Jornal do Pau...
- O que é?...
- Pergunta o que é um cravinho?
- Mas, que coisa mais fácil! É um ingrediante que dá um sabor especial a pratos de culinária.
- Estás completamente enganado...
- Ora essa...
- Cravinho é um ministro que foi da Defesa, que se meteu em cambalachos e em vez de ser demitido foi promovido a ministro dos Negócios Estrangeiros sem nunca ter entrado no Palácio das Necessidades e onde não páram de falar das vergonhas em que participou...
publicado às 06:45
Mais para ler
publicado às 06:30
Mais para ler
Nesta rubrica'imagens com história' é inserida uma verdadeira história única. Quando em Macau apenas existia um único diário em língua portuguesa, o jornal GAZETA MACAENSE, somente dirigido pelo polémico macaense Leonel Borralho, a quem eu aproveito para lhe prestar uma profunda homenagem póstima.
Leonel Borralho, desde que cheguei a Macau em 1981 e soube que era jornalista, começou a pedir-me que escrevesse umas crónicas para o seu jornal. Ficámos grandes amigos e a comunidade macaense começou a aceitar-me e a gostar de mim. Borralho era abordado pelos sus conterrâneos que lhe transmitiam que eu era um europeu diferente pela simples razão de compreender todas as vicissitudes e dificuldades dos macauemse. Um dia, infelizmente Leonel Borralho adoeceu e chamou-me. Uma surpresa enorme. A sua chamada disse respeito a um pedido que realisticamente me convidava para dirigir o diário como director executivo. Aceitei com muita honra. Trabalhei na GAZETA MACAENse com uma dedicação tal que normalmente fechava as edições cerca das quatro horas da madrugada. O filho de Leonel Borralho, o Francisco, ajudava-me na orientação da paginação e em adquirir novos computadores, a fim de melhorar a qualidade do jornal. Ocupei o gabinete de Leonel Borralho e decorei as paredes com primeiras páginas do jornal e sempre com a minha Bandeira de Portugal, o que deixava admirados quantos foram visitar-me, incluindo jovens que entrevistei. Nunca um macaense tinha querido ser entrevistado, mas a partir do meu trabalho, muitos foram aqueles que disseram de sua justiça. A maior satisfação foi no dia em que o Francisco me disse que a edição daquele dia tinha esgotado nas bancas. Uma história única com imagem.
PS - Reparem que na minha secretária está um dos primeiros computadores MAC que foram vendidos para os jornais.
publicado às 06:23
Mais para ler
A fim de UM MÊS de ter reactivado o Pau Para Toda a Obra os números oficiais não são nada maus. Pelo menos, dão alento. Obrigado a todos.
publicado às 18:39
Mais para ler
publicado às 14:10
Mais para ler
Em 1973 quando iniciei profissionalmente a função de jornalista na RTP, o Sindicato dos Jornalistas, presidido por Mário Contumélias, entregou-me logo o Cartão Sindical e quando se iniciou a emissão de Carteiras Profissionais, recebi logo a minha com o número 278 (já existem poucos colegas desse tempo). Em Macau, com administração portuguesa, e sendo eu director do diário MACAU HOJE tinha um inimigo que sendo director de outro jornal (semanário) tinha apenas um desejo: que o meu jornal encerrasse porque esgotava todos os dias nas bancas. Quem esteve ou vive em Macau tem conhecimento destas minhas palavras. Esse sapo tudo fez para me destruir e após me ter ofendido no seu jornal levou com uma resposta ao meu estilo de uma dureza profunda. O sapo apresentou uma queixa-crime em tribunal contra mim. Em pleno julgamento a criatura teve o desplante de se virar para a juíza e dizer: "Meritíssima juíza este fulano merece uma decisão severa porque nem sequer tem Carteira Profissional". Ainda a criatura não era jornalista e já eu tinha Carteira Profissional. A juíza estagiária e incompetente condenou-me. O sapo deixou o tribunal para ir a correr para o seu gabinete colocar na primeira página do seu jornal que eu tinha sido condenado. Como em Macau a justiça era uma autêntica injustiça...
publicado às 11:44
Mais para ler
publicado às 11:40
Mais para ler
publicado às 06:45
Mais para ler
Em Macau, um grupo de carolas, onde imperava o piloto de motos e carros Belmiro Aguiar , os irmãos Mário e José Sin, vários chineses e eu próprio, iniciámos num terreno que estava alcatroado junto ao istmo entre as ilhas da Taipa e Coloane a prática do Karting. Modestamente, mandámos vir uns karts e começámos a andar. Progressivamente, comprámos fatos de corrida, capacetes de Karting, colocámos uns pneus a definir uma pista e realizámos algumas corridas, onde na altura, era Encarregado do Governo, Carlos Monjardino, que se deslocou ao nosso "kartódromo" e ainda deu umas voltas. Entretanto, mudou o Governo e o executivo passou a ser dirigido pelo general Rocha Vieira. Um dia, em conversa com o Governador disse-lhe que já existiam muitos adeptos de Karting em Macau e que se praticava a modalidade em local rudimentar. Propus ao Governador se poderíamos entrar com um projecto de um Kartódromo a sério, com condições para corridas internacionais, visto que já decorriam campeonatos em Hong Kong. Rocha Vieira achou uma boa ideia e deu luz verde para se avançar para a construção de um Kartódromo junto a Coloane. De seguida, pedimos ao arquitecto Carlos Macedo e Couto, um entusiasta dos desportos motorizados, qual desenhasse a pista que ainda hoje existe num Kartódromo excelente e onde têm decorrido os mais variados eventos de corridas locais e internacionais.
A imagem que aqui vos deixo, representa a minha conversa com o Governador Rocha Vieira quando várias entidades e muitos entusiastas do Karting fomos ao local onde seria construído o Kartódromo.
publicado às 06:34
Mais para ler
publicado às 15:20
Mais para ler