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Pau Para Toda a Obra

Um blog onde deixarei simples observações sobre o que vai acontecendo à nossa volta neste mundo global. Também serve de contacto com imensas pessoas que gostaram de mim.

Pau Para Toda a Obra

Um blog onde deixarei simples observações sobre o que vai acontecendo à nossa volta neste mundo global. Também serve de contacto com imensas pessoas que gostaram de mim.

350 milhões sem garantias

João Eduardo Severino, 31.08.23

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Ms, este tipo já devolveu à Caixa Geral de Depósitos os 350 milhões de euros que levou, sem garantias, para ir comprar acções do BCP Millennium? Isto é um escândalo. Suspeito e acusado de vários crimes vive na maior a gozar com a justiça e com todos nós. É socratista e basta...

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um sonho

João Eduardo Severino, 31.08.23

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Apanho um táxi, o condutor ajuda-me a carregar as malas. Também eram só duas, uma de tamanho médio e a outra foi para levar comigo no interior do avião. Chego ao aeroporto e estavam os meus filhos a depedirem-se. O voo ia ser muito longo. Fui a caminho de uma ilha do oriente. A viagem foi maçadora porque a hospedeira só falava comigo em italiano e eu dizia-lhe que não era de Itália. Ela insistiu para aquele lado, pronto, achou-me com cara de italiano ou tinha tido algum namorado parecido comigo que era italiano. A única coisa boa é que deu para trocarmos os números de telefone. Depois de mudar de avião por duas vezes cheguei à ilha. Tinha vários amigos de longa data à minha espera. Pudera, eu vinha cheio de dinheiro e ia estrear uma propriedade daquelas de deixar a boca aberta ao mais saloio que envereda pela tropa por não saber fazer mais nada. Tinha lá um terreno e mandei construir um muro alto para não me chatearem com as vistas indesejáveis, construi uma casa que mais parecia um palacete, rodeada de um jardim lindo, cheio de papaias e bananas, em frente à casa tinha a minha piscina onde me deliciava com as amigas e amigos. Tinha uma garagem onde guardava um belo carro e um jipe Land Cruiser para poder viajar por toda a ilha passando por montes e vales. Tina doze criados, para tudo, para o jardim, para lavarem a roupa, para passarem a roupa a ferro, para servirem à mesa, para lavarem os carros e para dar de comer aos cães. Só cães tinha oito. A casa era um sonho e eu tinha decidido ir viver para aquela ilha por quê? Porque teria de arranjar uns capangas a quem pagava bem e criar uma mafia. Uma mafia para quê? Para queimar todas as outras casas. É que eu queria viver sozinho...

repito porque isto é muito importante

João Eduardo Severino, 31.08.23

a triste censura na rtp nos dias de hoje

imagens com história (28)

João Eduardo Severino, 09.08.23

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Não era para vos contar esta história. Mas, como lutei muito pela liberdade em Portugal e pelo fim da censura na Comunicação Social, os meus amigos disseram-me que a gravidade do caso tinha de ser pública.

Aconteceu que num dia recente recebi um telefonema do Senhor Fernando Miravent, funcionário da RTP, a perguntar-me se estava disponível para dar duas entrevistas para um programa da RTP e uns minutos no Telejornal, a propósito do meu livro "Recordador Olex". Respondi sem hesitar que podiam contar comigo e agradeci o convite. O meu interlocutor marcou o dia e a hora em que eu devia estar presente nas instalaões da RTP. No dia e hora marcados, cheguei ao portão para entrar e o segurança de serviço transmitiu-me que não tinha qualquer indicação para me deixar entrar. Solicitei que contactasse com o Senhor em causa e o segurança respondeu-me que não se encontrava na RTP.

Estranhei perplexadamente e regressei a casa. Passados dois dias recebi a seguinte mensagem:

"Boa tarde, João. Só agora tive conhecimento que as suas entrevistas foram canceladas por determinação superior. Em meu nome e em nome da RTP apresento as nossas desculpas. Fernando Miravent".

Fiquei atordoado e enviei um email a pedir justificações ao director de informação António José Teixeira. Não me respondeu.

No meu livro tenho um capítulo sobre a injustiça que a RTP praticou para comigo em 1976 e tendo ficado a dever-me centenas de milhares de contos. Penso que passaram tantas décadas que até devia ser a RTP a mostrar cordialidade para comigo e não a censurar-me. Desde o 25 de Abril de 1974 foi o primeiro e único caso de censura de que fui alvo. Uma hostória muito triste, desagradável e condenável.

o italiano vero

imagens com história (35)

João Eduardo Severino, 30.08.23

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Um dia, vivendo em Macau chegou ao território um italiano. Um homem grande, simpático e especialista em culináris. Abriu um restaurante na ilha de Coloane, junto à piscina da praia de Cheoc Van. Passei a frequentar o restaurante e fiz uma grande amizade com Luca Marchetti. Np restaurante do Luca fiquei a conhecer os melhores pitéus italianos, desde javali em vinho tinto a todas as mais belas pizzas. A amizade prolongou-se, eu deixei Macau e ele igualmente. Vive hoje na Tailândia onde tem o melhor restaurante de comida italiana. Sempre esgotado e de vez em quando lembramo-nos um do outro e enviamos um abraço. O Luca, segundo me dizem os seus clientes que frequentam o seu restaurante, continua na mesma: bom homem, amável, atencioso, educado e a cativar toda a gente. Abraço, amigo Luca.

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quase tudo é triste

João Eduardo Severino, 29.08.23

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- é triste ter uma guerra

- é triste ter um Presidente da República comentador de televisão

- é triste ter políticos que só pensam na corrupção

- é triste ter uma Santa Casa que diz não ter dinheiro

- é triste ver gente com fome

- é triste ver jornais completamente vendidos a mafiosos

- é triste não termos televisão que nos satisfaça

- é triste ver pessoas apenas preocupados em criticar o seu semelhante

- é triste desesperar pelo que a vida não nos dá

- é triste ver uma dita amiga armada em parva que nos obriga a anular

- é triste ver pedófilos a serem protegidos

- é triste quando o cão fiel morre

- é triste ter um amigo com doença incurável

- é triste uma mãe com quatro filhos não ter casa do Estado

- é triste que as Juntas de Freguesias façam negócio com os baldios do povo

- é triste que os árbitros prolonguem os jogos de futebol até ganhar o clube que lhe deu um envelope

- é triste ver uma jogadora de futebol abraçar com força o presidente da federação e este dar-lhe um beijo na boca

- é triste pensar que não se faça justiça ao que se tem direito

- é triste que as imobiliárias explorem o povo

- é triste que os carros movidos a hidrogénio nunca mais avancem

- é triste que se pague um dinheirão para ver museus

- é triste que muitos jovens nem saibam o que foi o 25 de Abril, 11 de Março e 25 de Novembro

- é triste que um escritor tenha de pagar para editar um livro

- é triste que um polícia ganhe cinco vezes menos que um puto assessor do governo

- é triste que os jogos do Benfica com Sporting e FC Porto não sejam em sinal aberto

- é triste que as sondagens políticas sejam compradas

- é triste que eu esteja triste a escrever esta merda...

entrevista com josé ramos-horta

hoje almoço com... (3)

João Eduardo Severino, 28.08.23

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FICÇÃO

- Agradeço ter aceitado o convite para este repasto-entrevista, doutor Ramos-Horta.

- O prazer é meu.

. O doutor Ramos-Horta iniciou-se nas lides jornalísticas ainda jovem em Timor, escrevia num jornal local, enviava correspondência para a RTP e para o Expresso. Por que não seguiu a profissão de jornalista?

- Boa questão, meu amigo. Aconteceu que se deu o 25 de Abril em Portugal e tudo mudou nas colónias. Quando as mudanças políticas chegaram a Timor os meus amigos formaram partidos políticos e eu achei-me na obrigação, também, de ser participante no processo e fundei a ASDT, Associação Social Democrata de Timor...

- Mas, esse seu partido deu lugar ou uniu-se à criação da Fretilin, não?

- Sim, e eu passei a ter um lugar de topo para a diplomacia no âmago da Fretilin.

- Mas, a Fretilin não teve várias facções, inclusivamente uma comunista, o que o senhor doutor me parece que nunca foi?

- Teve várias tendência, até alguns fulanos ligados à Indonésia. Eu sempre defendi fundamentalmente a independência de Timor-Leste e os direitos humanos do nosso povo.

- No entanto, quando a Indonésia invadiu Timor, o doutor Ramos-Horta conseguiu não ser morto e sair para Moçambique, certo?

- Eu e outros camaradas, porque era muito importante que a resistência que foi para o mato tivesse um apoio inquebrantável no exterior.

- Antes disso assistimos a uma guerra civil que nunca ninguém percebeu bem?

- A guerra civil foi um erro histórico, éramos todos amigos, conhecidos, alguns até familiares nas duas barricadas... um caso para esquecer.

- O doutor ainda joga ténis?

- Não, a idade não perdoa... agora divirto-me com o meu Mini-Moke...

- A dada altura damos com o doutor Ramos- Horta em Nova Iorque a defender a independência de Timor, mas constou-me que o senhor nos Estados Unidos da América passou as maiores dificuldades, incluindo dormir num pequeno quarto e sem dinheiro para comer...

- Você não está errado!

- Então, onde estava a solidariedade internacional, nomeadamente de Portugal?

- Não existia. Apenas Moçambique nos apoiou e quanto a Portugal muito haveria a dizer...

- Por exemplo, que na visita do ministro Almeida Santos a Jacarta houve uma concordância para a ocupação indonésia...

- É o que me disseram, não posso provar.

- Mas, houve contrapartidas financeiras muito elevadas da Indonésia a Portugal...

- Palavras suas, a verdade é que nem os governadores de Macau me recebiam...

- Acha que a sua luta diplomática em Nova Iorque e por vários países foi decisiva?

- Penso ter contribuído para que a pouco e pouco as coisas fossem mudando e o meu amigo Bill Clinton deu uma grande ajuda para que a Indonésia saísse de Timor-Leste.

- Quando se deu a cerimónia de restauração da Independência, o doutor Ramos- Horta fazia ideia dos cargos que poderia vir a ocupar?

- Nunca me passou pela cabeça... aceitei a muito custo ser ministro dos Negócios Estrangeiros, apenas pelos contactos diplomáticos que tive durante anos.

- Há um caso muito sério, que não posso de deixar de lhe colocar. O doutor Ramos-Horta sofreu um atentado em Timor-Leste quando já eram independentes. Como é que se pode querer aniquilar um ser humano que entregou toda a sua vida a uma causa? E ainda mais, o senhor doutor sabe muito bem quem deu ordens para o matar. Por quê nunca quis divulgar o autor ou autores desse crime?

- O senhor está a encostar-me à parede e não fosse um jornalista de tarimba que conhece Timor-Leste desde 1970... na verdade, nunca entendi a razão de alguém me querer pôr fora do processo. Ou não queriam que eu fosse primeiro-ministro ou Presidente da República, ou porque eu deixei de ser militante da Fretilin, ou de fazer frente com verdades que tinham de ser evitadas e que andavam a ser cometidas por certa gente influente, não sei, apenas fiquei com desconfianças. Quanto à questão que colocou de eu não divulgar quem me quis matar, obviamente que sei quem poderia ter sido o ordenante, mas sempre quis evitar as questiúnculas entre líderes políticos e só me preocupo com o povo, o qual vive ainda miseravelmente. Nunca divulgarei o que penso sobre essa matéria.

- Mostrou ser um homem de coragem depois de ser salvo num hospital australiano e regressar a Timor-Leste. Não teve receio que voltassem a atacá-lo?

- Não tive e sabe porquê? Porque o povo apoia-me e a todos os lugares no país onde eu vá sou recebido de braços abertos.

- Agora, ocupa o o cargo de Presidente da República com o apoio do primeiro-ministro Xanana. A vossa relação é boa?

- É sim, e muito cordial e eu só posso mover influências junto do governo para que a corrupção diminua e que cada vez se trabalhe mais em benefício do povo.

- Doutor Ramos-Horte, Timor-Leste assinou um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo e do gás natural no Mar de Timor. São milhares de milhões de dólares que Timor-Leste recebe. Em vinte anos não o perturba que a situação do povo não melhore?

- Como sabe existe um Fundo onde é depositado esse dinheiro e há um controlo muito profícuo sobre o que se pode gastar. Mas penso que já se deveria ter feito muito mais em benefício do povo.

- O doutor Ramos-Horta foi nomeado por Oslo Prémio Nobel da Paz, a Indonésia não concordou que fosse apenas o senhor, e propôs que fosse também o ex-bispo Ximenes Belo. O senhor doutor não sabia já que o ex-bispo era um pedófilo que abusava de menores e que acabou por ser expulso da Igreja pelo Vaticano?

- Coloca-me um caso triste e difícil de responder. Se me permite não quero abordar esse tema.

- Concordo. Recentemente, tomou posição internacional contra os ditadores de Myanmar. O que poderá Timor-Leste influenciar nas atrocidades que naquele país são cometidas?

- O que eu disse tem a ver apenas com aquilo que para mim é sagrado, os direitos humanos, o que os ditadores de Myanmar estão a fazer é desumano e inconcebível. Já me revoltei contra o presidente do Tribunal Penal Internacional por não tomar qualquer medida quando a ONU tem uma posição idêntica a tudo o que eu defendo.

- No futuro, após terminar este mandato de Chefe de Estado, não vai escrever as suas memórias?

- Para lhe ser sincero a minha vida tem sido um livro aberto e divulgado na comunicação social. Talvez, escreva alguma coisa, mas o importante é estar em Timor-Leste movendo a influência de o povo ter uma vida melhor.

- Caro doutor José Ramos-Horta, o nosso almoço já vai no café de Timor e teremos de ficar por aqui. Só tenho a agradecer-lhe a disponibilidade.

- Muito obrigado e quem agradece sou eu. Boa sorte para si.

 

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a formiga tinha catarro

imagens com história (34)

João Eduardo Severino, 27.08.23

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Quando cheguei a Timor em 1970 para cumprir o meu serviço militar verifiquei que existiam muito poucos veículos particulares. O transporte a granel era militar. Todo o alferes ou capitão tinha um jipe militar que o ia buscar a casa e o levava para o quartel. A malta militar de menor patente pos-se a comprar motorizadas e até se formou o primeiro grupo em Timor de motards. A pouco e pouco uma pessoa vai conhecendo melhor  a cidade, começa a sair para os arredores e mais tarde visita o interior. Qual não foi o meu espanto quando um dia a visitar a segunda cidade em importância, Baucau, deparei-me durante a viagem com a passagem de vários unimogues e camiões. Militares? Nem pensar. Pintadinhos de amarelo, castanho, azuis, aquilo era um arco-íris. Obviamente que ao ficar perplexo com tanto veículo espalhado pelo terrotório que não era militar, quando cheguei a Díli fui conversar com um superior e onde concluímos que em Timor também existia corrupção nas hostes da administração militar e civil. Quando lhe falei dos veículos militares pintados com várias cores, o meu interlocutor respondeu-me:

- Então, você não sabe?

- Não, não sei de nada sobre isso.

- Esteve cá um comandante do Destacamento de Serviço Militar que vendeu uma quantidade de jipes, unimogues e camiões a empresários civis...

- Ah!... Por isso é que há tantos coloridos...

- Mas, espere. O melhor está para vir. O sucessor desse comandante que vendeu os veículos militares, e ganhou um dinheirão, descobriu que o tal comandante tinha redigiu um relatório para a Metrópolr onde escreveu que as viaturas tais e tais e tais tinham sido comidas pela formiga branca...

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desaparece

João Eduardo Severino, 26.08.23

desaparece de mim

desaparece porque a árvore não te dá sombra

desaparece porque nunca soubeste ter seriedade

desaparece porque nunca amaste os teus pais

desaparece porque o teu marido foi um fantoche

desaparece porque as ondas são tsunami

desaparece porque as aves cagam-te em cima

desaparece porque não sabes conduzir um carro

desaparece porque aprendeste a roubar

desaparece porque uma eólica pode cortar-te a cabeça

desaparece porque ao sábado não se compram amigos

desaparece de avião que é possível levares com um míssil

desaparece porque nem sabes se a galinha apareceu primeiro que o ovo

desaparece porque os peixes morrem quando passas pela ponte

desaparece porque não sabes beber nem água nem vinho

desaparece porque o pedantismo reina em ti

desaparece porque nem na casa de banho sabes cantar

desaparece porque és troca-tintas

desaparece porque nem frequentas uma praia

desaparece porque proteges pedófilos

desaparece porque sempre viveste com o egoismo

desaparece porque não tens valor

desaparece porque o teu futuro é negro

desaparece de mim para sempre.

 

J.E.S.

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