recordações (58)
Carlos Morais José foi jornalista do semanário 'Independente'. É um doutorado em várias matérias da língua portuguesa. Optou por residir em Macau para estar longe de corruptos, analfabetos, políticos capitalistas sem cultura e jornalistas sem ética. É hoje, o director do melhor jornal de língua portuguesa em Macau, o 'Hoje Macau'. É o proprietário de uma editora que ensina aos portugueses a cultura chinesa milenária. É um introvertido, um cidadão de inspiração Camilo Pessanha, é um coração nobre que sempre soube o que são as famílias portuguesas que não têm dinheiro para comer. Em Macau, dirige o seu jornal e fecha-se na sua concha cultural para escrever textos, editoriais e crónicas que não leio em lado nenhum. Algumas, em termos de literatura, assemelham-se ao que o melhor escritor português, António Lobo Antunes, nos tem oferecido ao longo da vida.
Em Macau, Carlos Morais José já demonstrou que nunca viveu no enclave nenhum jornalista com tanta cultura e espíriro de consideração pelo seu semelhante. Dirige um jornal que era meu. Pensei que não teria paciência para ficar a editar o diário mais que um ano. Já lá vão quase 20 anos e Macau respeita-o do mesmo modo que as autoridades chinesas de Pequim, depois de traduzirem os seus trabalhos. Carlos Morais José é um literato que Portugal não faz ideia do seu nível elevado de conhecimento sobre todas as matéria relacionadas com a história e a cultura portuguesas. Sei que, sozinho, no seu âmago peculiar, inspira-se para divagar por todo o mundo e se escreve sobre a Europa, EUA, Japão, China ou Portugal, fá-lo de um modo incontestável. Tenho assistido à entrega de vários prémios literários, nomeadamente 'Fernando Pessoa', pois, Carlos Morais José há muito que devia ter recebido uma distinção do seu país. Talvez, por isso, continua desinteressado em regressar a uma terra que não sabe reconhecer o seu valor.