MACAU’S BIG SHOT WITH THE YELLOW FERRARI (9)
João Eduardo Severino, 14.10.25
Mais uma edição do Grande Prémio de Macau está aí à porta. É o maior evento turístico da RAEM. Vem malta de todo o lado e deixam cá muita massa. Para terem uma ideia de quanto eu gosto de carros basta dizer-vos que além do meu Ferrari amarelo, tenho um Mercedes, um Rolls Royce, um Lotus e um Porsche. Nunca faltei ao Grande Prémio e até me ofereciam um livre trânsito para estacionar o meu Ferrari amarelo no silo subterrâneo do Grande Prémio. Como percebo um pouco de português posso dizer-vos que ficava doido na bancada a ouvir os comentários cheios de entusiasmo do meu amigo Sit Ian Kuai. Até o meu braço direito, um macaense de bom nível, me dizia que ia ao Grande Prémio só para ouvir os comentários de carros e de motas do Sit Ian Kuai.
Sobre o Grande Prémio, houve um ano que saí do circuito mais cedo por ter que ir resolver um problema no casino do Hotel Lisboa, onde estava lá um japonês a pedir emprestado mais de cinco milhões de dólares de Hong Kong. E quando fui jantar à Galera, o meu braço direito começou a descrever-me uma data de factos que me chatearam muito. Que o Costa Antunes que presidia à Comissão Organizadora do Grande Prémio e que manteve o tacho durante uma data de anos, tinha prejudicado a nossa malta que costumava ver as suas empresas a ganharem as adjudicações dos raills para o circuito, o arame, os cartazes publicitários, as botijas anti-incêndio, as refeições para os comissários de pista e mais sei lá o quê. E que o Costa Antunes naquele ano só tinha adjudicado o dinheirão a amigos que lhe deviam ter dado boas e chorudas comissões. Este Costa Antunes é o mesmo que, um dia, o meu amigo militar que passou à reserva em Macau, me disse ser um bandalho que só via dinheiro à frente dos olhos, de tal forma que chegou a pôr-se de joelhos e a chorar à frente do seu secretário-adjunto da tutela, pedindo por tudo para não ser demitido...
Mas, voltando ao Grande Prémio quero dizer-vos que deixei de ir ver as corridas no meu Ferrari amarelo desde que soube um caso muito lamentável. Foi quando me contaram que o Sit Ian Kuai, que conhecia a história do Grande Prémio como poucos, foi ao gabinete do Costa Antunes dizer-lhe que queria publicar um livro sobre a história do Grande Prémio e sobre os pilotos que estavam na Fórmula 1 e que tinham passado por Macau, mas que precisava de um pequeno patrocínio da Direcção dos Serviços de Turismo. Então, não é que o Costa Antunes virou-se para o homem e respondeu-lhe que não podia dar o patrocínio porque “não tinha dinheiro”. Ora, o filho da mãe do Costa Antunes, um tipo cheio de milhões, o Turismo com dinheiro para tudo e todos e deu nega ao homem...
Chateado a sério e com vontade de mandar o Antunes passar a andar de muletas, preferi de tão chateado que fiquei nunca mais ir ver o Grande Prémio desde que o presidente daquela bagunçada toda das adjudicações fosse a mando do Antunes. Felizmente que já correram com o tachista e agora já posso ir ver novamente o Grande Prémio, sempre no meu Ferrari amarelo para não dar nas vistas...
